A tua voz fez-se ouvir
Com um brilho de esperança
Nos teus olhos.
Amavas a terra que te tinha trazido à vida.
Ela prendia-te em si mesma
Com a melodia das searas douradas ao vento
O rugido do rio ao lado da tua casa de adobe
As tardes quentes de verão com sabor a manga e
juventude.
A liberdade daquela terra prendia-te a ela
E recusavas pertencer aos muros da opressão
E da gente que não consegue despertar do medo.
Mal sabias tu que quando esses muros caíssem
E o medo se esvaísse em cravos vermelhos
Outras forças roubariam a tua liberdade.
A melodia das searas deu lugar ao som das balas
O rugido do rio calou-se abafado pelas minas
As tardes quentes de verão sabiam a desespero e
agonia.
Aprendeste a não recear a espingarda
Mas sim aquele que mandou seu irmão dispará-la.
Tiveste de fugir à dor e deixar tudo para trás.
Embarcaste num futuro incerto
Fechaste-te nos teus próprios muros de exílio
E aceitaste a recusa de sonhar.
Viveste tudo isto e ainda a juventude te corria nas
veias!
Agora pergunto-te, meu rapaz
Valeu a pena lutar por aquilo
Que muitas almas pensam que não te pertence?
Sim, valeu a pena.
Pois ainda se vê o brilho dourado das searas
Nos teus olhos de esperança.
E a tua voz faz-se ouvir no rugido do rio
Nas tardes quentes de verão
Da terra que te trouxe à vida.
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