quinta-feira, 8 de maio de 2014

Água, rua e vento


Água, rua e vento
E pedras no coração.


À semelhança de todos, sou eu.
Único e ímpar, na minha pluralidade.
A cada inspiração, letras e linhas curvas.
Ondas e nuvens e mãos frias de inverno.
Tudo é matematicamente horrível,
À excepção de mim, de ti e de nós.
E os traços que me saem da mão,
São partes de mim que perco pelo caminho,
São matematicamente belos.
Sem raízes, mas com folhas verdes.
Gosto de passear na rua à tarde e passar pelo Mosteiro dos Jerónimos.
É belo e grandioso.
Hoje reparei que faltam lá pedras…
Essas que manténs reféns no teu peito.
E se de repente um pássaro voar por cima da minha cabeça,
Sorrio para ele, abro as asas e sigo-o.
Os bancos estão aquecidos pelo sol, não pelas pessoas que lá não se sentam.
E se fechar os olhos, cheira-me a Tejo e a rio, a cidade e a Lisboa…
Cheira-me a música e a ti.
E já perdido na agonia da alegria e da lembrança que me trazes,
Caminho sozinho na sombra dos pensamentos das árvores do passeio,
A pisar as pedras da calçada. Essas pedras que me têm pisado a mim a vida toda.
Essas que tens tirado do teu peito para atirar ao meu.
Não me tivesses tu atirado, não tinha nada para guardar
No lugar onde Deus me pôs o coração.
Esse mesmo lugar, de onde tu mo tiraste e meteste as pedras que roubaste ao longo da vida


Carlos Victor – 11ºB


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