quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Feliz natal!

"Então uma noite, entre as estrelas do céu, aparecia uma que brilhava mais que todas."
Manuel Alegre
e um ano novo repleto de saúde e muitas leituras!


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

o presépio da avó...

Não era como o presépio da Igreja que estava sempre todo pronto, mesmo antes de o Menino nascer. 
… o da avó, que era mais do que um presépio, era uma peregrinação, uma jornada mágica ou, se quiserem, um milagre. … A avó ia buscar as figuras ao sótão, eram bonecos de barro comprados nas feiras, alguns mais antigos, de porcelana inglesa, …
E todas as manhãs deparávamos com novas casas, mais rebanhos, pastores, gente que descia das serras, atravessava os rios e os lagos. Os caminhos ficavam cada vez mais cheios. 

E todos iam para Belém. 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Nöel

O Natal também chegou à biblioteca, em francês, através dos trabalhos dos alunos do 8.º ano.


                                                                                                                                 Joyeux nöel!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Carta ao Pai Natal

Chegou a todos os meninos do pré-escolar e 1.º ciclo, levada pelas "mãos" da mãe Natal, uma carta dirigida ao Pai Natal com pedidos de presentes que nem precisam de ser embrulhados... 


Paz, Amor, Felicidade, Solidariedade, Saúde...

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A estrela


Todos os anos, pelo Natal, eu ia a Belém. A viagem começava em Dezembro … Primeiro pela colheita do musgo, nos recantos mais húmidos do jardim. … era bom sentir as grandes fatias despegarem-se da areia, dos muros ou dos troncos das árvores velhas … Enchia-se a canastra devagar, … Eram caixotes, caixas de chapéus e de sapatos viradas do avesso, tábuas, que pouco a pouco [a avó] ia cobrindo de musgo, ao mesmo tempo que fazia carreiros e caminhos com areia e areão. Mais tarde os rios e os lagos, com bocados de espelhos antigos, de vidros ou mesmo de travessas cheias de água. … Ficavam montanhas, planícies, rios, lagos.
Era uma nova criação do mundo. … E todos os caminhos iam para Belém.
Não era como o presépio da Igreja que estava sempre todo pronto, mesmo antes de o Menino nascer. … o da avó, que era mais do que um presépio, era uma
peregrinação, uma jornada mágica ou, se quiserem, um milagre. … A avó ia buscar as figuras ao sótão, eram bonecos de barro comprados nas feiras, alguns mais antigos, de porcelana inglesa, …
E todas as manhãs deparávamos com novas casas, mais rebanhos, pastores, gente que descia das serras, atravessava os rios e os lagos. Os caminhos ficavam cada vez mais cheios. E todos iam para Belém. À noite tremulavam luzes. Acendiam e apagavam. Mas ainda não se via a cabana, nem Maria, nem José.
Então uma noite, entre as estrelas do céu, aparecia uma que brilhava mais que todas.
- Esta é a estrela, dizia a avó.
E era uma estrela que nos guiava. Na manhã seguinte lá estavam eles, os três reis do Oriente, …
Cheirava a musgo na sala de jantar. Cheirava a musgo e a lenha molhada que secava em frente do fogão. E os Magos lá vinham, a pé, de burro, de camelo.
Traziam o oiro, o incenso, a mirra. …
Cada vez havia mais luzes na Judeia. Por vezes surgiam novos lagos, eram mistérios da minha avó. E a estrela lá estava, a grande estrela de prata que brilhava mais do que todas as outras, às vezes eu ia à janela e via a projecção daquela estrela, ficava confuso, já não sabia se era a estrela da sala ou uma estrela do céu, era uma estrela nova, uma estrela de prata, era uma estrela que nos guiava. No céu, na sala, na Judeia, talvez dentro de nós.
Até que chegava o primeiro dos grandes momentos solenes. A avó chamava-nos ao sótão ( nós dizíamos forro ), abria uma velha arca e desempacotava a cabana. Depois, muito comovida, quase sempre com lágrimas nos olhos, as figuras de Maria e José.
- Não há nada tão antigo nesta casa, já eram dos avós dos meus avós.
… A avó limpava-os com muito cuidado e mandava-nos sair. Nunca nos deixou ver o resto.
À noite, quando regressávamos da missa do galo, a que a avó não ia, chegávamos a casa e finalmente estávamos em Belém. A estrela brilhava intensamente sobre a cabana, Maria e José debruçavam-se sobre o berço, onde Jesus, todo rosado, deitado nas palhinhas, agitava os braços e as pernas, envolvido pelo bafo quente dos
animais, enquanto os três reis do Oriente, agora sim, chegavam a Belém para depositar aos pés do Menino o oiro, o incenso, a mirra. …
Mais tarde, muito mais tarde, eu estava no exílio. Na noite de Natal os revolucionários ficavam tristes e nostálgicos. … Sentia o mesmo aperto, o mesmo buraco por dentro, o mesmo sentimento de algo para sempre perdido.
Uma noite de Natal, em Paris, eu estava sozinho. Comprei uma garrafa de vinho do Porto, mas não fui capaz de bebê-la assim, completamente só, … Peguei na
garrafa e fui até aos Halles. Procurei o bistrot onde costumava comer uma omelete de fiambre. Felizmente estava aberto. Pedi a omelete e abri a garrafa. Havia mais três solitários no bistrot, um velho de grandes barbas, um tipo com cara de eslavo, um africano. Convidei-os para partilharem comigo a garrafa de Porto, que não resistiu muito tempo. Encomendámos outras bebidas.
- Conta uma história de Natal do teu país, pediu o velho.
- Só se for a do presépio da minha avó.
- Então conta.
Eu contei. Era já muito tarde e o patrão disse-nos que queria fechar. Chegados à rua o africano apontou o céu e disse-me: Olha.
E eu vi. Uma estrela que brilhava mais que as outras estrelas. Era uma estrela de prata. A estrela da avó. Brilhava no céu, brilhava outra vez dentro de mim, quase posso jurar que brilhava dentro dos outros três.
Então eu perguntei ao africano como se chamava. E ele respondeu:
- Baltazar.
Perguntei ao velho e ele disse:
- Melchior.
E sem que sequer eu lhe perguntasse o eslavo disse:
- O meu nome é Gaspar. ...
- E agora? perguntei a Baltazar.
Agora, respondeu o africano apontando a estrela, agora vamos para Belém."

Manuel Alegre (texto com supressões)


sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Formar utilizadores

Ao longo dos meses de outubro e novembro, a maioria das turmas da escola Secundária do Monte passaram pela sua biblioteca, em atividades sobre literacia da informação.


Um dos temas explorado foi a literatura infantil.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Caça ao tesouro

À procura dos tesouros da biblioteca na companhia da "maior flor do mundo"...



...os alunos do 5º ano foram os exploradores!

terça-feira, 17 de novembro de 2015

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

De regresso à biblioteca

Todas as nossas bibliotecas ficaram mais enriquecidas com novos habitantes, a fada Palavrinha e o Gigante das bibliotecas. Duas personagens que irão acompanhar e inspirar os nossos alunos do 1º e 2º anos.



A magia das palavras!


terça-feira, 10 de novembro de 2015

A biblioteca à tua espera!

A magia do outono chegou à biblioteca e encantou os meninos do pré-escolar.


 A magia da estrela de outono!

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Animação de leitura

Os alunos do Curso Profissional de Apoio à Infância experimentaram formas de contar.


o sabo(e)r das palavras!

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

"Pássaro Azul"

Tua estirpe habitara alcândoras divinas.
Com os pés de prata e anil desceste antigos tempos.
E em minhas mãos pousaste, e o silêncio explicou-se,
por tua voz, que era de nunca e era de sempre.
Nomes de estrelas vinham sobre as tuas asas,
e era o teu corpo uma ampulheta pressurosa.
Entre as nuvens procuro o último azul que foste …
Mas, de tanto saber, nada mais se deplora.
Como te penso tanto, e tão longe procuro
tua música além das nuvens, não te esqueças
que posso estar um dia, em lágrima extraviada,
pólen do céu brilhando entre os altos planetas.
Mas não voltes aqui, pois é pesado e triste
o humano clima, para o teu destino aéreo.
Eu mal te posso amar, com o sonho do meu corpo,
condenado a este chão e sem gosto terrestre.
Cecília Meireles
in Mar Absoluto


Um poema de Cecília Meireles...

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

II Encontro das Bibliotecas Escolares de Almada

A Câmara Municipal de Almada, em parceria com a Rede de Bibliotecas Escolares do Ministério da Educação, organiza o 2.º Encontro de Bibliotecas Escolares do Concelho de Almada.

sábado, 3 de outubro de 2015

A importância da publicidade!

Ao conjunto de técnicas que visam influenciar o público para obter um certo número de consumidores, chama-se publicidade.
A publicidade é tanto mais conseguida, quanto mais simples e direta for a mensagem visual que utiliza, pois pretende-se que o público retenha na memória o conteúdo dessa mensagem.


um excelente exemplo  de publicitar e consciencializar os consumidores!


quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A biblioteca é super

Outubro é mês internacional das bibliotecas escolares. Uma maré de atividades à tua espera!

Um encontro obrigatório.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

De regresso

Com o novo ano surgem novos desafios.
Inspira-te! Veste a camisola, leva a Biblioteca para a tua equipa... 

prepara-te para todas as vitórias.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Turista em Lisboa!

Um livro ilustrado que nos leva a passear pela maravilhosa cidade de Lisboa. Uma obra sem textos, de David Pintor, pintor e caricaturista espanhol.
David reuniu as suas duas paixões: viajar e desenhar e partiu à descoberta de Lisboa, uma cidade que conheceu e lhe ficou na memória. 
Percebemos muito bem o porquê...

                                                                             a biblioteca recomenda!

quarta-feira, 17 de junho de 2015

à descoberta do mundo...

Uma obra intemporal,  imperdível, encantadora!

uma viagem fascinante!

Orelhas de Borboleta

Um livro surpreendente para crianças a partir dos 6 anos de idade, cuja temática tem em mente a valorização das diferenças, o  respeito, a auto-estima, o optimismo perante qualidades ou adversidades e a relação entre pais e filhos. 
Texto  de Luísa Aguilar e ilustrações de André Neves.


A biblioteca recomenda!

sábado, 23 de maio de 2015

"A Língua em Viagem"... 800 postais

Aconteceu, hoje o encerramento do projeto "A Língua em Viagem: celebar os 8 séculos da Língua Portuguesa e os 400 anos da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto"
De salientar o envolvimento e a participação ativa das bibliotecas escolares do Concelho de Almada!
O nosso Agrupamento encontra-se representado, como não poderia deixar de ser, PARABÉNS a todos os participantes!

Uma exposição a não perder, no Centro Cultural Juvenil de Santo Amaro (Casa Amarela), até dia 7 de junho. 



terça-feira, 19 de maio de 2015

um convite...

Este particularmente especial!


No dia 30 terá lugar a inauguração da exposição "800 Postais em Viagem" que conta com a participação do nosso Agrupamento! 
A não perder!

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Fabuloso!

Um filme que nos prende e que nos faz pensar sobre a importância dos livros!
O que seria uma vida sem livros e leitores... vazia, cinzenta, sem histórias!
Esta curta de animação, vencedora de um Oscar em 2012, The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore (Os Fantásticos Livros Voadores do Sr. Morris Lessmore, em tradução livre) é uma grande homenagem à literatura. 


Será que é possível viver sem livros? 

terça-feira, 12 de maio de 2015

A biblioteca aconselha...

Cinco novas propostas para ler aos mais pequenos:


Nome: Quero um Abraço
Autora: Simona Ciraolo
Editora: Orfeu Negro

Nome: Com 3 Novelos (O mundo dá muitas voltas)
Autora: Henriqueta Cristina
Ilustrações: Yara Kono
Editora: Planeta Tangerina

Nome: Os Meus Disparates Preferidos
Autor: Agnés de Lestrade
Ilustrações: João Vaz de Carvalho
Editora: Presença

Nome: Gato Procura-se
Autora: Ana Saldanha
Ilustrações: Yara Kono
Editora: Caminho

Nome: O Poeta de Pondichéry
Autora: Adília Lopes
Ilustrações: Pedro Proença

Editora: Assírio & Alvim

uma sugestão do "Observador!"




sexta-feira, 8 de maio de 2015

Ler é uma festa!

Já passaste na tua biblioteca para requisitares um livro?



ilustração de Mila Marquis

Escolhe um do teu agrado, não percas tempo!

terça-feira, 5 de maio de 2015

Casa da encosta

Vivi na casa da encosta durante 57 anos.
Tinha uma vista belíssima sobre o mar.
Gostava de abrir as janelas de manhã e sentir o fresco a entrar no quarto.
Tinha uma cadeira de verga ao lado da janela.
De tarde sentava-me  nela e lia aqueles livros que ninguém conhece.
Sentia-me um intelectual do nada, que era exatamente aquilo que melhor me definia.
À noite, se estivesse muito quieto conseguia ouvir as ondas a bater nas pedras do pontão.
A minha Margarida também gostava mito da casa.
Muito gostava ela de regar os amores-perfeitos dos vasinhos azuis e os malmequeres altos que havia ao lado da porta da frente.
E eu ralhava com ela, porque ela regava as flores e a erva, que depois tinha de ser eu a arrancar.
Tenho saudades dela. A minha grande companhia durante tantos anos.
Era uma mulher como não mais há hoje em dia. Sempre amiga e carinhosa.
Mas, ainda assim, triste.
O dia da notícia de que  nunca poderíamos ter filhos mudou a minha Margarida para sempre.
Por isso dependíamos um do outro e só nos tínhamos aos dois.
Os últimos anos da minha Margarida foram muito dolorosos para mim.
Aquela maldita doença, que me levou a Margarida mais bonita das flores da minha casa da encosta. Levou com ela também aminha alegria de olhar a vida.
Mesmo assim, ainda lá vivi mais 2 anos sem ela.
Os piores que tenho memória.
Os vasos nunca mais ninguém os regou e as ervas nunca mais as arranquei.
Secou tudo menos as minhas lágrimas.
Não sei se era tristeza ou se era d tanto olhar o mar ali de cima da encosta, mas também eu ganhei sal nos olhos.
Sei que fiquei ainda mais velho. Vejo pelas rugas das mãos porque não tenho coragem de me ver aos espelhos.
Foi difícil abandonar a casa.
Quando olhei para dentro a última vez vi os raios de sol a entrar pela janela de frente e pareceu-me ver a Margarida sorrir para mim, com um ramo de malmequeres na mão e dois amores-perfeitos nos olhos.
Senti que naquele momento o filme da minha vida tinha acabado o final não tinha sido exatamente aquilo que eu pensava que seria.
Acordei ontem no sítio onde me recordo hoje.
Dizem que é para o meu bem.
Vivo cá eu e mais 100. Todos atores reformados de filmes diferentes que acabaram todos um final semelhante.
Estamos aqui todos abandonados. Acompanhamos a solidão de cada um de nós, que nada mais tem de seu a não  ser ela mesma.
Pergunto-me quando verei novamente a minha Margarida.

Um dia eu sei. Sei que vou voltar a abrir os olhos em frente à porta da nossa casa. E quando olhar novamente para os raios de sol que saem pela janela da frente vou vê-la.
Ela vai estar a pegar nos malmequeres e vou entrar. Os nossos passos vão plantar amores-perfeitos no chão de      admira da minha amada casa da encosta.
Vou sentar-me na minha cadeira de verga e, ao lado da minha Margarida, vou esperar a noite para voltar a navegar nas ondas que batem no pontão.

Carlos Victor – 12ºB


Parabéns ao Carlos!

terça-feira, 28 de abril de 2015

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Esta é a madrugada que eu esperava




Esta é a madrugada que eu esperava
0 dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Leituras (en)cantadas

Uma iniciativa promovida pela Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) em parceria com o Teatro Nacional de São Carlos e o Centro Nacional de Cultura.
Gincanas, jogos digitais, leituras expressivas, oficinas de desenho, banda desenhada, oficinas de filmes de animação e  momentos musicais... 



à vossa espera!

terça-feira, 14 de abril de 2015

outras formas de interação!

O Gloster Edu é uma plataforma versátil, simples, fácil e intuitiva que permite a criação de glogs, ou seja, de cartazes multimédia. Pode ser utilizada por professores e alunos, em todas as disciplinas do currículo. A diversidade de elementos multimédia que suporta, “just mix what you want”, “Your creativity has no limit”, constitui uma enorme vantagem, por ir ao encontro das diferentes formas de aprender dos alunos de modo criativo e divertido, em ambiente seguro.
O professor pode abrir um espaço de aula e adicionar os seus alunos,  interagindo com eles, quer individualmente quer em grupo. Em ambos os casos, estes são notificados automaticamente. Todos os glogs podem ser partilhados no twitter, facebook e pinterest.

 
Decididamente uma ferramenta magnifica que potencia o trabalho colaborativo, … mas, por enquanto só em inglês.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

terça-feira, 7 de abril de 2015

domingo, 22 de março de 2015

sábado, 21 de março de 2015

Diz-me tu

Os poetas vêm ao nosso encontro!




Que me trazem as palavras do mundo?
Signos e significados,
significantes e referentes
e a surpresa de que haja crentes
em pensamentos tão variados.

Que me trazem as palavras do teu mundo?
Verdades por vezes tão estranhas,
que dizes serem legítimas opiniões pessoais
tão verdadeiras quanto as demais,
ainda que aos outros pareçam patranhas.

Que me trazem as palavras daquele mundo?
Ideias que reputo como falsidades,
mas que outros afirmam ser banais
noutras culturas e sociedades,
ainda que em nada nos sejam iguais
e nos custe chamá-las «verdades».

Que me trazem as Palavras do Outro Mundo?
Mandamentos universais
contra os pecados mortais,
ensinamentos divinos
para orientar os cretinos,
sagrados códigos morais
para ensinarmos aos meninos.
E aos demais.

Mas que farei, afinal, às palavras do mundo?
Que verdade trazem elas, no fundo?
Que palavra será a mais verdadeira?
Que verdade será a mais certeira?

A do apóstolo, a do profeta, a de que deus?
A de Einstein, a de Newton, a de Ptolomeu?
A minha, a tua, a deles?
A do cientista, a do poeta ou a de um reles
homem como eu?

Diz-me:
por que régua, por que balança,
por que termómetro ou geringonça,
por que relógio, por que contador,
por que manómetro ou transferidor,
por que astrolábio, por que sextante,
por que perspetiva ou quadrante
medirei
- diz-me tu, que eu não sei -
as verdades de cada um
trazidas pelas palavras do mundo?

Diz-me tu, que eu não sei
que regra social, que lei natural,
que tradição oral, que diploma legal,
que costume, que hábito, que norma,
que equação chamar ou de que forma
condenar
a faca que corta outra garganta humana,
a corrente que garante uma escravidão insana,
a biqueira que maltrata uma criança,
a pistola que calou vozes em França,
o assassino que mata com indiferença  serena,
o doente que sofre sem que alguém tenha pena,
o proxeneta que explora mais de uma dezena,
o sangue de um touro que morre na arena,
o político mentiroso, o funcionário corrupto,
o lambe-botas dengoso, o polícia bruto,
o vizinho manhoso, o vigarista astuto,
o chefe que manda com a arrogância de um puto,
o fanatismo de estádio (ou político, ou religioso),
o respeitinho que sempre foi brando costume,
o racismo que faz este mundo mais perigoso,
o homem que mata por não aplacar o ciúme.

Todos estes pecados e muitos mais,
que não são apenas sete
e nem todos mortais.


Diz-me tu, que eu não sei,
de que forma escutarei
todas as palavras e cada uma
para então, se houver alguma,
encontrar a verdade que será Lei.

Diz-me tu, que eu não sei.

11.03.2015
A.C.

 Obrigado António... que bela forma de comemorarmos este dia!